domingo, 10 de julho de 2011

Quando tenho de ficar só...



                                                                Anoitecer

Na sala, um falatório com risadas estridentes, entremeadas com exaltações e gargalhadas. Todos embalados por uma conversa trivial sobre chá, café e adoçante. A alegria trivial de uma vida comum preenche os espíritos que interagem, num fim de domingo em que minha alma sucumbe ao vazio do tédio.
Prefiro recolher-me em um quarto para escrever. E, então, estou eu diante desta tela de computador esforçando-me para que as combinações verbais que estampo neste papel virtual me permitam algum grau de expressão lírica. Nesse momento, incomodam-me as palavras; quero rejeitá-las, mas não consigo. Sua companhia lembra-me os dias desgostosos a que ficou presa minha alma; quero afastá-las, mas não consigo.
Diante de mim, meu cachorro perambula, desnorteado. Tenho de acudi-lo, mas meu corpo está preguiçoso. Uma pausa. Por um momento, esqueço que ele não mais escuta; é vão chamar pelo seu nome. Uma pausa.
Olho minhas últimas fotos... Apaixono-me por mim. Admiro-me. Mas não posso evitar uma leve inquietação: por que continuo solteiro? E não me venham dizer que eu sou exigente ou pachorrento, ou acomodado. Acontece que não tenho sorte no amor. É meu destino. Também não lamento, porque lamentar não me é proveitoso. Apenas constato, interpreto o que me parece intrigante.
Não é que não me considere atraente, em muitos sentidos. Não é que não seja eu merecedor. Talvez, como me disse, certa vez, uma amiga, eu tenha muitas pretendentes, se bem que não as conheço. E não as conheço porque, talvez, eu seja mesmo desatento.
As férias não me beneficiam. Os amigos sumiram; o único que restou não responde às minhas solicitações. A verdade é que meus amigos namoram ou estão noivos e alguns deles são companhia apenas para conversas triviais ou entretenimentos como jogar vídeo-game.
Com o tempo, os amigos se afastam; é a ordem normal da maturidade; uns namoram, outros casam. A vida se encarrega de nos distanciar. Por outro lado, quanto mais estudamos, quanto mais lemos, quanto mais elevado nosso grau de cultura, mais seletivos ficamos.
Eu experiencio a solidão do intelecto e dela, raramente, sou retirado. 

4 comentários:

  1. tenho períodos constantes...
    estou num.

    beijo

    ResponderExcluir
  2. A inquietude é um estado de alma difícil. A ociosidade do domingo cansa mesmo, parece um tédio sem fim... Infelizmente parece que é assim mesmo,quantas amizades que pareciam pra sempre já se foram, é a ordem natural, namoram,se casam, criam outros vinculos... Enfim, Mas quem nunca se sentiu assim? Só não nos deixemos afetar, mantendo a mente e horizontes sempre abertos... As vezes a solidão do intelecto nos faz verdadeira companhia. Bjusss

    ResponderExcluir
  3. O interessante é que postei , hoje, um texto sobre solidão.Mas, acredito que uma pessoa "tão povoada" como você não pode senti-la,´pois consegue ser uma ótima companhia para si próprio.

    Pense melhor a esse respeito.

    beijinhos, Bruno.

    ResponderExcluir
  4. muito lindo bruno,vc realmente é muito inteligente .parabéns.bjusss


    ana paula

    ResponderExcluir