quarta-feira, 29 de julho de 2020

"Quanto mais elevado é o espírito mais ele sofre". (Schopenhauer)

                                           Arthur Schopenhauer – Wikipédia, a enciclopédia livre
                    

Tem razão Schopenhauer quando diz ser o gênio, ser o homem intelectualmente superior, mais vulnerável ao sofrimento que o homem comum. O excesso de consciência torna-nos mais suscetíveis à Dor de viver, mas também mais envergonhados por pertencer à espécie humana, por saber o que é o homem, este animal parasitário, tão inclinado ao egoísmo e à maldade. Quanto mais lúcidos nos tornamos, tanto mais envergonhados nos sentimos com a estupidez humana, com a loucura que impregna o mundo humano, que se erigiu com base numa falsa crença: a de que o homem gozaria de algum privilégio ontológico e/ou metafísico em relação ao Todo existente. Nem mesmo um vírus, que, diariamente ceifa vidas, movido sem nenhum propósito, mas por um simples impulso natural de replicação, é capaz de despertá-lo para a insignificância cosmológica de sua existência. Embora ávido por se livrar do mal que o atormenta, o animal humano continua sua marcha predatória sem reconhecer que suas práticas nefastas são, em grande medida, a causa de novas epidemias que aguardam a oportunidade de lembrá-lo, novamente, de que ele não é o senhor da terra. Como ensinou Nietzsche, o homem é, na verdade, a (mais nefasta) “doença da terra”.




***Texto escrito em plena pandemia da covid-19.