
Por onde andará
O poema quando terminado
Torna todo poeta um deserdado
É como uma parte do corpo
perdida
Uma ausência pelo poeta
sentida
A sorte do poema o poeta ignora
Será lido? Apreciado?
Esquecido?
Que lhe vale saber de sua
sorte agora
Se o poema pronto é como um
falecido?
Cada poema é como um rebento
Que se cria e ao mundo se dá
Sem que se saiba por onde
andará
O filho, entanto, pode a casa
retornar
O poema como um cão ao
relento
Como saber que destino terá?
(BAR)
O poema quando nascido
Torna o poeta mais vivo
É como se parte da alma consumida
Ardesse e clamasse ser ouvida
A sorte do poeta o poema ignora
Serei emoção? Angústia? Libido
Que vale saber a sorte do poeta?
Se é o poema que anseia ser escrito?
Cada poeta é como um servo
Que à mesma arte se impele a se curvar
Sem que se importe por onde andará
O pai, portanto, arte produzirá
O poeta, obediente rebento
Como saber que destino terá?
(Angel Abdon)
Agradeço à amiga Angélica esse intertexto poético, sinal de nossa reciprocidade lírica.