quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O Deus escuso


                          
                                           

                                    Entre o escuso e o absurdo
                                 um Deus insensível                       



Amansando os ânimos


Devo, desde já, advertir a quem quer que suponha pretender eu desconverter  qualquer leigo religioso de suas crenças religiosas que os últimos textos que escrevi (e o mesmo vale para este) e  que divulguei neste blog, nos quais procurei articular fortes argumentos favoravelmente ao ateísmo, repousam em dois propósitos principais: abrir a possibilidade de um diálogo com outra tradição discursiva e possibilitar-me uma nova forma de me situar existencialmente. Decerto, o envolvimento intelectual e emocional com o percurso da incisiva e lúcida argumentação ateísta não pode confundir-se com apego a outra forma dogmática de discurso. Ateísmo dogmático é tão reprovável quanto a mais irracional ortodoxia religiosa. Qualquer forma de dogmatismo é inaceitável à luz do conhecimento filosófico, cuja distinção se expressa naquela célebre fórmula socrática: só sei que nada sei. A filosofia é um discurso de abertura, não de fechamento. O filósofo não detém verdade alguma; ele reconhece sua ignorância e persegue a verdade. É fiel a essa verdade, mas só na medida em que ela é passível de ser perseguida, de ser procurada, porque dotada de realidade.
Peço, gentilmente, que me reconheçam o direito de expressar-me, de ser fiel à minha inteligência, de empregá-la para fertilizar outros espíritos que comunguem de minhas ideias. Não me queiram convencer de que minha alma trilha veredas escuras e sombrias, que se desvia dos caminhos de uma salvação sem condenado, porque ela não está, de modo algum, embaraçada; mas liberta; portanto, desapegada.
Minha alma está, ao contrário, experienciando um deleitoso estado de leveza e libertação dogmática. Está imbuída de vontade de potência. Está num profundo namoro com a minha própria humanidade, da qual ela é a mais fidedigna expressão. Sou fiel a mim mesmo. Sou fiel à minha autoconsciência, como agente que faz escolhas, que é delas o único responsável que se responsabiliza pelas suas consequências, sem que precise esperar que uma suposta providência venha atenuar o peso com o qual elas me comprometem.
Não estou me deixando influenciar por discurso algum; tal caso não se aplica a mim, mas àqueles que o supõem, pois que estes sim se influenciam com uma grande quantidade de palavreados cuja validade parece-lhes insuspeitável . Por que se achar no direito de poder recomendar doses homeopáticas de Deus e da Bíblia a quem sequer está doente ou desviado do bom-senso?
Eu gozo de uma lucidez que nunca dantes experimentei em minhas orações noturnas, em meus vastos momentos de solidão em que, conversando comigo mesmo, conservava por sob as mãos, apoiado sobre o peito, o pequeno livro do Evangelho. Longe de ser venerada, essa lucidez é apenas reconhecida. Convém-me saber a que me levará esse alvorecer anímico!
Se Deus existe e deu aos homens a razão, como uma propriedade que lhes distinguem dos animais, então ele não a fez capaz de alcançá-lo, de penetrá-lo, de compreendê-lo (já que se prescreve ser ele o incognoscível!), porque ele simplesmente não queria ser conhecido, perquirido e aborrecido. Se ele quisesse ser realmente conhecido, ele daria à razão a capacidade para tanto; e mais, ele simplesmente concederia à experiência a dignidade de sua presença. Bastava que ele aparecesse e a neurose coletiva por repetições, prescrições e proibições estaria resolvida (ou não!, quem sabe?). Mas do valor da experiência tratarei mais adiante.
Detenho-me, por ora, no que me interessa aqui: argumentar desfavoravelmente ao suposto de que os religiosos dizem o ser de Deus. O que muitos religiosos não entendem, de jeito nenhum (porque, como já assinalei em outro texto, em matéria de religião, a inteligência é desvalorizada em face da absolutização da fé) é que eles não dizem o ser de Deus, mas representações mentais desse ser. Neste mundo, só podemos nos contentar com as representações, com as construções de nossa mente. O “acesso” ao divino (se é que a palavra “acesso” cabe aqui) não é, evidentemente, imediato, mas mediado pela imaginação. Não convém entender o “acesso” ao divino do mesmo modo como tenho acesso (cognitivo) a uma pedra diante de mim. A pedra, ao contrário de Deus, é um objeto deste mundo, um corpo natural, com propriedades detectáveis, acessíveis a um exame detido; ela pode ser experimentada (podemos tocá-la, vê-la, manuseá-la, constatar-lhe a aridez e a insipidez, sentir seu aspecto duro, etc.)
Eu não posso deixar de notar meu desconforto, quando me dizem que a Bíblia é a mente de Deus, é a fonte de tudo quanto devemos aprender sobre ele: uma metáfora, certamente, mas uma metáfora inadvertidamente sedutora.
O nó ideológico insuperável que as religiões produziram, a cujo reconhecimento  seus adeptos, pelo menos os mais ferrenhos, se negam, foi ter invertido a relação entre o criador e a criatura: não é Deus quem criou os homens, mas os homens que criaram deuses (ou o Deus dos monoteísmos). Experimente sustentar essa evidência diante de uma pessoa religiosa e aguarde o que ela dirá: Blasfêmia! Pecador! Ou é possível que permaneça num silêncio de prepotência, por acreditar-se saber para além do conhecível.  E lançar-lhe-á um olhar penetrante e, em suas orações noturnas, orará a Deus para que ele perdoe a todos que duvidem ser ele o criador de todas as coisas. Parece haver, não raro, uma histeria nos religiosos mais ferrenhos, muita vez, certamente, abafada pelo sentimento de piedade aos infelizes que ignoram o mistério, cujas saias aqueles se cuidam capazes de levantar. Tal histeria me faz suspeitar de que eles são mais suscetíveis à intolerância do que aqueles que  eles acreditam sejam seus adversários, simplesmente porque decidiram dar ouvidos à razão, ao invés da que, por razões pessoais ou convicções de suas especialidades, foi destronada. Simplesmente porque seus “adversários” se opõem a uma crença intocável, muito embora as evidências a derrubem, ou, pelo menos, a empurrem para a beirada de um abismo.
Se Deus criou os homens, ele os criou e depois foi se esconder em algum lugar inacessível a eles, só para que eles ficassem a vida inteira a procurá-lo. Bem, um Deus assim, a quem se atribui o poder de ser onisciente, deveria ser capaz de prever que essa brincadeira de esconde-esconde acarretaria muitas guerras, muito ódio, muito derramamento de sangue, muitas disputas de poder, muita discórdia, muita controvérsia inútil... Ora, o mínimo que ele deveria fazer, já que nos deve isso, é aparecer e dizer: "Basta! A brincadeira acabou! Eu estou aqui! Parem de brigar e discutir!" Desenvolverei essa ideia de um Deus escuso, mais adiante.
Faz-se mister, doravante, considerar uma famigerada contribuição filosófica para sustentar a existência de Deus. Além  das conhecidas cinco vias para a existência de Deus, desenvolvida por Tomás de Aquino, pelo uso exclusivo do raciocínio especulativo, há, na terceira meditação de Descartes, a tentativa de mostrar que a ideia de Deus é necessária.  Para tanto, esse filósofo racionalista baseava-se no Cogito (eu penso). Descartes sustentava que, se consideramos os efeitos, devemos reconhecer que a ideia de Deus como substância infinita existe no e para o pensamento. Descartes acreditava, além disso, que a própria existência dessa ideia no pensamento dos homens só poderia ser consequência da ação de Deus. Digamos, simplesmente, que Deus teria plantado essa ideia na cabeça dos homens. Note-se bem que, segundo o filósofo, tem de haver o mesmo grau de realidade tanto na causa (no caso, naquilo que causa a ideia) quanto no efeito (o produto dessa ideia). Vê-se, sem muito custo, que ele identificou a realidade da ideia de Deus com a necessidade da existência de Deus – coisas que, para um homem habituado à atividade do pensamento reflexivo, são bem diferentes.  Refiro a posição de Sponville, em O Espírito do ateísmo (2009), no que toca a esse argumento cartesiano:

“O argumento me convence menos ainda (...) Por quê? Primeiro, mais uma vez, porque nada prova que essa causa infinita seja um Sujeito ou um Espírito (poderia ser a Natureza) – a não ser que se o pressuponha na ideia de perfeição, o que é um tanto forçado; depois porque não é nem um pouco evidente que deva haver pelo menos tanta realidade na causa quanto no efeito (os átomos não pensam; o que não exclui que sejam causa do pensamento em nosso cérebro); enfim, e sobretudo, porque a ideia de infinito, no homem, é uma ideia finita, assim como a ideia de perfeição é uma ideia imperfeita. Eu veria aí quase uma característica do homem. O que é um ser humano? É um ser finito (ao contrário de Deus), que tem uma ideia do infinito (ao contrário dos animais), um ser imperfeito que tem uma ideia de perfeição. Mas essas ideias, a humanidade obriga, são elas próprias finitas e imperfeitas. (...) O homem é um ser finito aberto para o infinito, um ser imperfeito que sonha com a perfeição. É o que chama de espírito, e essa grandeza é tanto maior quanto não ignora sua própria finitude. Isso torna a “prova” de Descartes inoperante”.
(pp. 90-91)
(ênfase minha)


Certamente, custa aos seres humanos definir o infinito e a perfeição, dois atributos que os religiosos dizem ter Deus. A ideia de infinito e perfeição é, necessariamente, limitada pela própria natureza limitada da razão humana. O mistério do ser humano, quiçá, consista nessa abertura para o infinito, da qual nos fala o autor, a despeito de ser um ser finito. Mas ser capaz dessa abertura não significa poder sustentar o valor intocável desse mistério. Uma coisa é crer na existência de Deus; outra coisa bem diferente é reconhecer a existência da ideia de Deus. Dirá Sponville:

“Deus não é um teorema. Não se trata de prová-lo, nem de demonstrá-lo, mas de crer ou não crer nele”.
(p. 91)

Certa vez, depois de compenetrar-me em algumas de minhas leituras corriqueiras, fui despertado para a ideia de que assim como não é possível provar a existência de Deus, assim também não é possível provar a sua inexistência. Posto isso, abre-se o terreno para a tolerância, no que estou de acordo; mas, certamente, não se torna infértil o terreno para reflexões. Devemos reconhecer, com Sponville, que o ônus da prova tende mais para aqueles que crêem do que para os que não crêem na existência de Deus. Ademais, sentimo-nos muito mais obrigados a provar aquilo que é do que provar aquilo que não é. Em outras palavras, sentimo-nos mais forçados a provar que alguma coisa existe, ao invés de provar a inexistência dessa coisa, especialmente se essa coisa não conta com o testemunho da experiência, nem de sua possibilidade remota.
No tocante ao valor da experiência como prova para a inexistência de Deus, escreverá Sponville:

“Em se tratando de uma questão de fato, a experiência é mais decisiva que os raciocínios. Uma de minhas principais razões para não crer em Deus é que não tenho nenhuma experiência dele. É o argumento mais simples. É um dos mais fortes. Ninguém me tira a ideia de que, se Deus existisse, deveria ser muito mais visto ou sentido. Bastaria abrir os olhos ou a alma.”
(p. 92)

E o que vemos quanto mais abrimos os olhos e aguçamos a alma? O mundo. As três principais religiões monoteístas falam de um Deus oculto, de um Deus que se esconde. E vem nessa ocultação de Deus uma qualidade, uma virtude. Paradoxalmente, chamam a Deus de Pai. Ora, por que um pai bondoso iria esconder-se de seus filhos? Por que iria abandoná-los ao mundo – um mundo que é, não raro, tão frio e desolador? Um pai amoroso manda notícias suas aos seus filhos, quando de sua viagem. A ideia de um Deus que se esconde é inconciliável com a ideia de um Deus que é Pai. Um Deus que prefere brincar de esconde-esconde com seus filhos não pode sequer ser chamado de Deus. A ideia da natureza de Deus, do que seja Deus entra num profundo conflito com o reconhecimento de que esse Deus nos é oculto, inacessível de qualquer forma racionalmente aceitável.
O que é preciso reconhecer é que, entre a ideia de Deus e a crença em sua existência mesma medeia todo um discurso dogmático e seriamente contrário à razão; eu diria mesmo fragmentado, desconexo, ilógico, amputado. Convido o leitor a deter-se na leitura das seguintes palavras Michel Onfray, em Tratado de ateologia (2007), com as quais critica a fábula de Adão e Eva. Lembre-se que, nessa história fictícia, Deus proíbe Adão e Eva de consumirem o fruto de uma árvore, posto que permita ao demônio tentá-los. Aliás, a cumplicidade entre Deus e o demônio sempre foi algo que me intrigou. Por que Deus permitiria a existência do demônio, se ele pode tudo? Por que Deus permitiria que o demônio atazanasse ou seduzisse os frutos primeiros de seu grandioso ato criativo? Estranho, não?
Coube a Eva – e devemos reconhecer-lhe o mérito – provar o fruto proibido e, assim, dignificar nossa humanidade, beneficiando-a com o poder do discernimento. Com a palavra Onfray:

“O que há no dossiê dessa história? Um Deus que proíbe ao casal primordial o consumo do fruto da árvore do conhecimento. Evidentemente, trata-se de uma metáfora. São necessários Padres da Igreja para sexualizar essa história, pois o texto é claro: comer esse fruto desvenda e permite distinguir o bem do mal, portanto assemelhar-se a Deus. Passar por cima do ditame de Deus é preferir o saber à obediência, querer conhecer em vez de se submeter. Digamos de outro modo: optar pela filosofia e não pela religião”.
(p. 54)
(ênfase minha)

A mordida de Eva significou a abertura do homem para o real. Abre-se a consciência humana para esta vida. A criatura se humaniza.

“(...) a nudez, sua parte natural, mas também, e a partir dessa nova aquisição do saber, sua parte cultural, pelo menos suas potencialidades por meio da criação de uma tanga com folhas de figueira – e não de vinha... E mais: a rudeza do cotidiano, o trágico de todo destino, a brutalidade da diferença sexual, o abismo que separa para sempre homem e mulher, a impossibilidade de evitar o trabalho penoso, a maternidade dolorosa e a morte imperial. Uma vez libertos, e para evitar o acréscimo de transgressão que permite alcançar a vida eterna – pois a árvore da vida está ao lado da árvore do conhecimento -, o Deus uno, decididamente bom, doce, amante, generoso, expulsa Adão e Eva do paraíso. E assim estamos desde então...”
(pp. 54-55)


Como vemos, basta-nos um leve debruçar-se sobre o discurso construído e inculcado na cabeça dos religiosos, para nos pasmar com a suas malhas absurdas. A ação do clero, nesse tocante, é tentar tapar seus buracos, por onde vazam as contradições (um Deus piedoso, mais punitivo; um Deus atencioso, mas escuso; um Deus bom, mas que permite o mal; um Deus que é só amor, mas que lança sobre os “ímpios” sua fúria, seu ódio, etc.). Eu poderia avançar ainda mais em minhas reflexões, observando as formas como a doutrina católica, por exemplo, se manifesta na vivência religiosa da igreja. Uma série de deveres e proibições que atentam contra o bom-senso deveria, forçosamente, ser notada.
Uma das questões que sempre me inquietou, quando da observação da vivência religiosa em igrejas, é o porquê de as mulheres terem seu campo de atuação e participação tão limitado. Na hierarquia eclesiástica, o máximo que uma mulher pode alcançar é o posto de madre,  a quem cabe administrar o convento – o que, ideologicamente falando, não difere muito da administração do lar – papel que, durante muitos séculos, ela se via condicionada a cumprir. Tanto num caso quanto no outro a mulher está limitada a um espaço físico. E sua vida ganha significância apenas nos limites desse espaço físico. Não é custoso reconhecer que a figura central da hierarquia eclesial são os homens (padres, cônegos, freis, bispos, arcebispos e o papa). Todas figuras masculinas. Nenhuma mulher pode rezar missa; no máximo, auxiliar nos preparativos dos cerimoniais. Talvez, pudéssemos dizer se tratar de um sexismo tácito, para cuja validação nenhum argumento racionalmente fundado seria possível. O que torna o padre mais apto a rezar uma missa do que uma madre? Dito de outro modo, por que um homem e não uma mulher?
Ponho termo a este texto, citando o excerto de Onfray, que nos convoca a experienciar profundamente – e sem evasivas – o sentido de ser humano.

“Lição número um: se recusamos a ilusão da fé, as considerações de Deus e as fábulas da religião, se preferimos querer saber e optamos pelo conhecimento e pela inteligência, então o real nos aparece tal como é, trágico. No entanto mais vale uma verdade que desespera imediatamente e permite não perder completamente a vida colocando-a sob o signo do morto-vivo do que uma história que consola na hora, certamente, mas nos faz passar ao largo de nosso único verdadeiro bem: a vida aqui e agora”.
(p. 55)

Vale lembrar a frase que me foi dada a conhecer por uma amiga, numa estimulante e carinhosa conversa on-line: “a minha religião é o amor”. Nisso estou de acordo, porque o amor nos torna lúcidos. Essa forma de religião não reivindica submissão, mas crítica madura e equilibrada, para que seja cada vez mais aperfeiçoada. Por isso, muitas vezes, em meus escritos, tomo o amor para objeto de reflexão. E costumo elevá-lo ao altar mais dignificante dentre as virtudes humanas. Esse AMOR nos quer fiéis à nossa inteligência, um amor cego é obsessão, é apego irracional. Minha hipersensibilidade ancora-se hoje e cada vez mais na única certeza que a nossa condição humana nos permite ter: a de que um dia iremos morrer. Se não podemos com a inevitabilidade da morte, condição necessária de nossa própria natureza orgânico-material, então que sejamos fiéis ao AMOR que se pode experienciar nesta vida, e não projetá-lo para um ser ou ideia que para comigo não dá sinais de qualquer afinidade.


“Eu sou homem e nada do que é humano me é estranho”
(Terêncio, 184 a.C. – 160 a.C.)

Um comentário:

  1. "O cristianismo nos afirma que há um homem invisível, que vive no céu e vigia tudo o que fazemos, o tempo todo. O homem invisível tem uma lista de 10 coisas que ele não quer que a gente faça. Se você fizer qualquer uma dessas coisas, o homem invisível tem um lugar especial, cheio de fogo, fumaça, sofrimento, tortura e angústia onde ele vai lhe mandar viver, queimando, sofrendo, sufocando, gritando e chorando para todo o sempre. Mas ele ama você!"

    (George Carlin)

    Cá entre nós, isso não é irônico e ao mesmo tempo insano?!!!...Deus nos ama? Imagina se não amasse!...E as pessoas ainda insistem em acreditar nesse homem invisível. Que triste!

    Beijos com todo o meu carinho, Bruno!

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