segunda-feira, 6 de setembro de 2010

poema - Catarse



Catarse

No inverno, vou aposentar-me do mundo
Saldar-me-á Deus as dívidas à Morte
Rogar-Lhe-ei apenas os benefícios do túmulo
E a certeza de ventura à minha prole

E neste dia, quando mais um leito ocupado
A gênese de minha carne então vencida
As raízes de plátanos terão evolado
A Dor visceral de minha alma enternecida

E a terra merencória de soluços repleta
Semeadora de cadáveres, necrófago ventre
Devora plácida toda carne fria que recende

A podridão protoplásmica que dantes era
O solar adorado dos progênitos do carbono
Necrópole da ventura. Da alma o abandono.
(BAR)

Um comentário:

  1. Nossa!
    'Caí', primeiro, no poema, pois versos sempre atraíram mais que prosa.
    Que exploração rica de sentidos! Melancólico, mas lindo soneto!
    Parabéns!

    Se quiser/puder, me visite: também cultivo esse hábito - que é, similarmente, catártico. =)

    Beijo

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