Canto amargo
Eu quero o
canto doce e amargo
De um amor
humano que nada espera
Nem lindo
verão nem linda primavera
P’ra este
instante é que eu o aguardo
Se por
ventura a alma me inunde docemente
Com
promessas sonoras de eternidade
Terei
apenas a certeza de que mente
Como os
amantes que só dizem a verdade
Se
relutante inda em minh’alma permanecer
Silenciarei
meu coração por toda a vida
Nem mais um
verso haverei de escrever
E tendo
então a alma um canto de despedida
Quando
chegar-me a hora de morrer
Direi do
amor só conheci a dor maldita
(BAR)
Confissão
Se me amas
como dizes realmente
Confessa-mo
no silêncio de teu coração
P’ra que só
eu saiba desta confissão
E possa
então dormir alegremente
(BAR)
Contradição
Se me amas
com a mesma veemência
Com que me
declaras tua dor
Então me
dizes por que tão funda carência
Se a ti
dedico todo o meu amor?
(BAR)
“Amar Desesperadamente” – Reflexões sobre a filosofia de André Comte-Sponville
ResponderExcluirReflexões sobre a obra "O GOSTO DE VIVER"
de André Comte-Sponville (1952 - )
(Éditions Albin Michel, 2010)
"Opondo-se a esta visão de mundo, reivindicando um desejo que seja potência ao invés de falta, um amor que ame fora-de-si ao invés de só saber se inebriar com as produções fantasmáticas do eu, existe toda uma antiga e venerável escola filosófica que engloba Epicuro, Lucrécio, Spinoza, Nietzsche, Deleuze, e na qual André Comte-Sponville também pode ser seguramente incluído."
(“Faire l’amour, quando on s’aime, ce n’est pas desirer l’orgasme ni je ne sais quelle fusion impossible, qui nous manquerait. C’est désirer celui ou celle qui ne manque pas, qui est là, qui se donne, qui s’abandonne, et c’est pourquoi c’est si bon, si doux, si fort! Ce n’est plus le vide dévorant de l’autre; c’est la plenitude comblante et comblée de son existence, de sa présence, de sa jouissance, de son amour... Que désire-t-on? Que l’autre soit, et qu’il soit là, et qu’il se donne ou nous prenne... C’est exactement ce qui se passe: comment ne serait-on comblé? Après de coït, quoi? La gratitude, la douceur, l ajoie d’aimer et d’être aimé.” (pg. 195)
Aimer désespérément