segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

poema




Embriaguez lírica – À Flor de admiração


Cambaleia-me um verso de benquerença
No deserto fértil que me é o seio
Recolher-me a teu regaço, em ânsia tenra
Sem ousar confessar-te o meu anseio

Oh! Venturoso então seria o repousar
Nos teus afagos de anjo me embriagar
Nos contornos de teus lábios, desenhar a vida!
Ah! Tu’alma flertando-me a desditosa sina!

Ei-lo agora arfando! Embeiça-te a alma!
Embebido em teus encantos, já se alça
Às nuvens do desvario – e como orvalho
Pousa-te nos lábios. Detém-se arrebatado

Ei-lo cambaleante, numa santa loucura
E suas vísceras verbais inda palpitantes
No toutiço teu e nas espáduas deleitantes
Provam do doce amor que há na boca tua

É desvario! Meu Anjo! o bem-querer
É convulsão lírica que finge não ver
Quão dissonante é divinal união!
De teu amor ao meu coração!

É loucura! Ah! bem sei, Borboleta!
Deixa-o junto a teus pés mimosos dormir
O verso atrevido, se queres, que seja
Maldita nota em teu silêncio a se esvair

Ó mas ouça ecoar este resquício lírico!
Do abismo de estéril e agourada sensatez
Se queres, dou-te o verso mais límpido:
Flor que brota em cada tenra embriaguez.

(BAR)

Nenhum comentário:

Postar um comentário