
Profanação do amor
Não poder amar-te como
outrora
A isto chamo a verdadeira saúde!
Oh! Prímula de minha
primavera doente!
Meu ser é pleno de
filosofia!
“...E há quem ainda acredite na profundidade da filosofia”
“Pouco a pouco nos enfadamos do que
possuímos seguramente...”
Minha lucidez é um
cemitério
Onde em covas fundas ignotos jazem
os amores meus de asas
cortadas
“(...) nem a mais bela paisagem estará certa
de nosso amor, após passarmos três meses nela”
Quão risíveis me parecem
agora os amantes!
Quão vãs estas empresas engenhosas
de Eros!
Faustas - creem, posto que malfadadas!
Quão deploráveis as
multidões de apaixonados!
- Suas marionetes.
Cobiçosos os amantes
insaciáveis se cansam
E teimam em viver na
ignorância das maquinações
Deste Intermediário, astuto
a mendigar consolações
Eros quer possuir, subsiste
da propriedade
Exímio capitalista! Engorda
com o emagrecimento
de seus operários
expropriados.
Mas a Lucidez – esta doença contagiosa (mal incurável)
A Lucidez – esta metamorfose
demoníaca
que solapa a Inocência
A Lucidez – esta fissura
fisiológica irrecuperável
Que nos desnuda a Dor inerente
a Existir
A Lucidez, enfim, me
despossuiu
Lúcido, pois, (en)fadado
por (de) Eros
Curei-me dos estados
doentios
Do ressentimento que me fazia desaprovar a Vida!
“Enfadar-se de uma posse é enfadar-se de si mesmo”
E enfadado de mim mesmo,
cultivo a fecundidade
de minha terra-solidão –
Meu Exílio,
onde sou verdadeiramente livre.
Onde Eros – filho da
Intemperança
Primogênito da Loucura!
Não ousa mais combalir-me
Lançando suas perturbações
“(...) Em nenhum amor, existe repouso.”
(BAR)
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