terça-feira, 24 de maio de 2011

"O AMOR é o erro mais belo e excitante desta vida!" (BAR)

                                                        

                                                         Amor Imperfeito


        Chega!
Abandonarei os esquadros, as réguas e os compassos de meus ideais. Os amores vão e vêm, como marolas beijando a orla.  O que vejo são pessoas desmanchando amores e reatando-os, como se amarrassem e desamarrassem cadarços. Não as culpo, não as condeno, não as julgo. É que o AMOR é insistente, vive a martelar nosso coração. O AMOR é o erro mais belo e excitante desta vida! Sim, ele é um erro que desejamos que dê certo. É um erro que desejamos se torne um acerto. Quantos de nós desejam, idealizam o amor verdadeiro? Mas qual é a verdade do AMOR? O que é o amor verdadeiro, senão aquele que se manifesta pela abertura irrestrita de nossa alma, pelos gestos de carinho, pelo compromisso que não abandonamos, pelas horas que dedicamos, pelo tempo empregado em seus cuidados?
Aceitemos o AMOR como ele é: errado, defeituoso. O AMOR não é um ser que habita o mundo das ideias perfeitas, como imaginado por Platão. O AMOR é carne, é corpo, é prática, é escolha que não se escolhe. O AMOR é vivido, experimentado, sentido por seres humanos, que erram, que choram, que se entregam, que se abandonam. Ninguém está certo no AMOR. Não há culpados no AMOR. Culpa e AMOR são inconciliáveis, não se casam e só agrava a distância.
O AMOR não é uma figura geométrica perfeita; uma obra prima pintada por Michelangelo. É um borrão que a criança lança sobre a tela, é um desenho infantil num papel. O AMOR não tem formas, nem simetria, não é obra de um desenhista ou arquiteto; ele é humano, demasiadamente humano e imperfeito. Ele traz cicatrizes à alma, mas também cálices de alegria abundante. O AMOR não pode ser escravo das ideias, mas deve servir à linguagem, como sua fonte de inspiração. Palavras podem feri-lo, mas ele pode ressurgir como fênix. O AMOR incendeia, mas não pega fogo, porque não é uma coisa. O AMOR não é uma arte, é um desastre por que desejamos passar por toda a vida. É um desastre que queremos experimentar debaixo dos lençóis. O AMOR é prazer, é gozo desastrado.
O AMOR excede sim as medidas da alma, e também dispensa a métrica dos pensamentos. O AMOR transborda do corpo, escapa pelos poros da pele, está no suor, na saliva, no sêmen, nas genitálias. Está na lágrima, na carne lasciva, no ventre. O AMOR é um erro que queremos cometer sempre mais. É um borrão nas páginas de nossa vida. O AMOR é a explosão do ego, a dinamite do orgulho, a nudez da decência e a indecência do excesso de decoro. O AMOR é transgressor, é, por excelência, sinal de revolta contra tudo que reprime, que coage, que constitui tabu. O AMOR é a negação da rigidez das normas, da própria sociedade de homens conservadores e hipócritas. O AMOR é subversão de toda ordem que censura, que proíbe e nos tolhe a liberdade.
O AMOR é imperfeito, se fosse perfeito seria muito chato!

Um comentário:

  1. Olá Bruno!
    Delicio-me e me perco na profundidade dessa alma, sempre com a mente arejada e o coração pronto ao amor. Se eu ousar comentar qualquer frase, poderei deixar escapar a essência do que li e senti... Lindo! Com essa musica ao fundo então... Perfeito!
    Bjusss

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