
Tem razão
Schopenhauer quando diz ser o gênio, ser o homem intelectualmente superior,
mais vulnerável ao sofrimento que o homem comum. O excesso de consciência torna-nos
mais suscetíveis à Dor de viver, mas também mais envergonhados por pertencer à
espécie humana, por saber o que é o homem, este animal parasitário, tão
inclinado ao egoísmo e à maldade. Quanto mais lúcidos nos tornamos, tanto mais
envergonhados nos sentimos com a estupidez humana, com a loucura que impregna o mundo humano, que se erigiu com
base numa falsa crença: a de que o homem gozaria de algum privilégio ontológico
e/ou metafísico em relação ao Todo existente. Nem mesmo um vírus, que,
diariamente ceifa vidas, movido sem nenhum propósito, mas por um simples
impulso natural de replicação, é capaz de despertá-lo para a insignificância
cosmológica de sua existência. Embora ávido por se livrar do mal que o
atormenta, o animal humano continua sua marcha predatória sem reconhecer que
suas práticas nefastas são, em grande medida, a causa de novas epidemias que
aguardam a oportunidade de lembrá-lo, novamente, de que ele não é o senhor da
terra. Como ensinou Nietzsche, o homem é, na verdade, a (mais nefasta) “doença
da terra”.
***Texto escrito em plena pandemia da covid-19.
***Texto escrito em plena pandemia da covid-19.
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