
Não quero a sorte de um amor tranquilo
O
amor é uma corda estirada entre as extremidades de um abismo
Como
pretender que caminhemos nos equilibrando nela?
Existir
é uma experiência tensionada: há muitos riscos, nenhuma garantia
E
o caminho é infindo quanto mais caminho mais distante fico
Das
regiões para as quais se inclina meu desejo
Toda
minha fisiologia é marcada por tensões, arroubos e vazios
Sou
atraído pelas profundezas, pelos recônditos do lirismo oceânico
O
amor deve ser uma inundação de corpo, uma escavação do espírito
Que
todo corpo amante seja um templo de adoração do desejo!
Não quero a sorte de um amor tranquilo
Quero
um amor que morde, que coma, que aplaque
Todo
o tensionamento do desejo que pinga
Eu
oscilo entre os extremos, resido nos subterrâneos
De
sentimentos que poucos podem habitar
Angústia?
Seu nome é intimidade
Conheço-a
profundamente, sua nudez congênita
O
amor deve ser o mais belo risco, o maior de todos
O
mais desconcertante, o mais perigoso salto
Para
o vazio do desespero, para a escuridão do abandono
A
força de um ser humano se mede pela seguinte pergunta:
Quanto amor podes suportar?
(BAR)
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