quinta-feira, 6 de setembro de 2012

"Trago esta rosa para te dar, meu amor" (Tim Maia)






Primavera

A tarde. O sol desvela a demência
Que a clausura neste quarto escuso
Causa aos que a Deus em obediência
Amam ao samaritano e ao filho patusco

A noite. A velha bruxa o negro manto
Sobre a alameda gélido estende
Os morcegos descem a sugar o rebanho
Que é imundo e delinqüente!

A manhã. A anêmona a alma inebria
- Filha dos Céus! Leda do Cisne!
 Minh’alma é uma obscura abadia!

O corpo. Ah! deitado em horror e agonia
Decorado com papoulas. E o beijo de Hera
Onírico no ventre pousa: oh! é Primavera!

(BAR)

Um comentário:

  1. adorei!
    a captação dos elementos - muito bem observados e descritos - consoante seus respectivos turnos... e a cena funérea...
    maravilhoso soneto, amigo! sem mais.

    beijos

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