Passarinho
O amor é um passarinho
Que no Céu vive a pairar
Eu, de meu leito, o via pertinho
Levando-me no bico a dor de sonhar.
Descaía suave, cessava o santo vôo
Nos meus lábios, pousava o febril consolo
Dos olhos cerrados, uma lágrima ousada
Pendia ao ver que alheio se afastava
Voava! Na distância constelada e infinita,
Se perdia, ruflando as asas de Ouro!
Se via a mim numa dor incompreendida,
Voltava! De uma compaixão, mimoso,
Consumido. Uma Flor Azul no bico levava
E na mih’alma, jazida, a Flor deixava.
(BAR)
Verme lírico
Toda venusta mulher que a Lira inflama
Leva vaidosa um poeta preso ao sapato
Tépida! Posto que honrada levante da cama
E apaga d’alma o sonho que tem sufocado!
Livre! Leve! Lívia! Namora a vaidade
A mulher que clama e infunde canto
N’alma do poeta – verme lírico e nefando!
Que verte da terra imunda a Eternidade!
Toda bela mulher quando os densos versos
Líricos do poeta merencório, lê altiva
Mais melindroso do poeta o seio fica
Enche-se de entulho verbal anacreôntica ode
A bolsa de quinquilharias, os seios dispersos
Nua, ao deitar, a mulher o sapato remove.
(BAR)
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