quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Agora, sim, vamos morrer, reunidos! (Augusto dos Anjos)


Morte: um fato recalcado
Breve intróito


Tendo assistido a dois acontecimentos da vida, pela televisão, antes de me pôr a escrever este texto, a saber, ao resgate de mineradores chilenos que estavam submersos numa mina há noventa e quatro dias, e a uma reportagem sobre a assistência a crianças portadoras de algum déficit de inteligência, oferecida por uma instituição filantrópica, assomou-me à consciência a ideia de que os malefícios que acometem os seres humanos, sem que deles sejam culpados, é fonte abundante de experiências de solidariedade. É com o sofrimento, quer nosso, quer do outro, que nos tornamos mais sensíveis às experiências de amor e de solidariedade.
Doravante, proporei uma reflexão sobre a morte – este fantasma que nos espreita a cada instante e que teimamos em querer (em vão) exorcizar. Para muitos, decerto, trata-se de um tema de mau gosto, nada apreciável; no entanto, cuidarei de conferir-lhe contornos filosóficos. Procurarei abordá-lo sem recorrer à linguagem de carnificina, da putrefação e dos fétidos cadáveres. Não poderia deixar de citar três poemas: um de Augusto dos Anjos, o famigerado poeta do mau gosto; os outros dois, de minha autoria. Atentemos para eles:


Vozes da morte
Agora, sim! Vamos morrer, reunidos,
Tamarindo de minha desventura
Tu, com o envelhecimento da nervura
Eu, com o envelhecimento dos tecidos!

Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos!
E a podridão, meu velho, E essa futura
Ultrafatalidade de ossatura.
A que nos acharemos reduzidos!

Não morrerão, porém, tuas sementes!
E assim, para o futuro, em diferentes
Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos

Na multiplicidade de teus ramos,
Pelo muito que em vida nos amamos,
Depois da morte ainda teremos filhos!
(Augusto dos Anjos)



Catarse
No inverno, vou aposentar-me do mundo
Saldar-me-á Deus as dívidas à Morte
Rogar-Lhe-ei apenas os benefícios do túmulo
E a certeza de ventura à minha prole

E neste dia, quando mais um leito ocupado
A gênese de minha carne então vencida
As raízes de plátanos terão evolado
A Dor visceral de minha alma enternecida

E a terra merencória de soluços repleta
Semeadora de cadáveres, necrófago ventre
Devora plácida toda carne fria que recende

A podridão protoplásmica que dantes era
O solar adorado dos progênitos do carbono
Necrópole da ventura. Da alma o abandono.
(BAR)



Tempo ingrato
Olha! Já sorris à desventura
De alma temente. E a alvura
De nossos lençóis. A cama arde
Gemidos de amor tu não calaste!

Olha! Vê quanto inda me tentas!
Fingidos sorrisos. Fuga doída
Ó Morte, traiçoeira, já acenas?
Já cortejas a mim, fiel amiga!

Vês que tempo ingrato? Amarga a vida!
Fúlgidos verões já me têm passado...
Compondo versos doidos à revelia

Enterro no horizonte o sonho fátuo
E gozar da ventura de amor bendito!
Que junto a mim jaz na cova ao lado.
(BAR)


O leitor perceberá, sem dificuldade, que o meu poema que se segue imediatamente ao de Augusto dos Anjos tem clara inspiração neste poeta. Tanto um quanto o outro lembra-nos de nossa natureza perecível, ao mesmo tempo em que nos anima a esperança de perpetuidade através de nossa prole. Os nossos descendentes representam, assim, a tentativa de continuidade metafísica de nossa existência.
Devemos, de imediato, reconhecer o óbvio: a morte é um fato natural, tal como o nascimento, a sexualidade, a sensação de fome e de sede. Destarte, a consciência da morte nos torna viva a ideia de nosso pertencimento à ordem natural, na qual se acham os seres vivos. Com a factualidade da morte, nos animalizamos. Assumimos a nossa natureza biológica, cuja existência está necessariamente enlaçada à morte. Claro é que, na medida em que somos seres de consciência superior e, portanto, na medida em que estamos conscientes de nossa finitude, experimentamos angústia diante da certeza da morte – certeza esta que deve ser afastada para que possamos viver com relativa serenidade.
Diremos mais do óbvio: todo ser vivo nasce grávido da morte; no caso dos seres humanos, essa gravidez é uma gravidez da qual estamos conscientes, muito embora a ideia da morte seja, por força de nossas experiências sociais, por força da ordem social que, na contemporaneidade, tem muita dificuldade para lidar com ela, seja recalcada. Diremos mais: nascer é iniciar uma trajetória cujo fim inevitável é a morte. O sociólogo Èmile Durkheim disse, certa vez, ser a sociedade um bando de homens que caminham em direção à morte inevitável. É um fato irrecusável, portanto, que todo ser humano, particularmente, traz em si o germe de seu próprio aniquilamento. A morte está em nós em estado de potência (para usar um termo aristotélico). Está adormecida, havendo de, um dia, despertar. Lembro aqui também Fernando Pessoa que se referiu a nós como “defuntos adiados”, donde se conclui que o nascimento inaugura a virtualidade da morte, que só é adiada por algum tempo.
Se considerarmos, segundo atestam dados do IBGE, que a expectativa de vida dos brasileiros, atualmente, em média, é de 72 anos, sendo que, entre as mulheres, no ano passado, chegava a 76 anos, ao passo que, entre os homens, a expectativa reduzia-se a 69 anos, devemos aceitar o fato de que temos pouco mais de 70 anos para construir sentidos às nossas vidas (e não me refiro ao sentido transcendente, quando dizemos do sentido em relação à existência humana) e para experienciarmos intensamente os momentos, não menos efêmeros (de certo modo, raros) de felicidade. E estou assumindo aqui o pressuposto de que o objetivo último da vida humana seja a felicidade. Com Freud, assumo que os homens buscam o prazer e se esforçam por evitar o desprazer.
A morte, enquanto experiência única e, ao que parece, indolor – e, muitas vezes, inesperada, - traz-nos à consciência a fragilidade de nosso corpo, uma das fontes de sofrimento humano, segundo Freud. A morte é a cessação da libido – instinto de vida. Como estado inanimado do corpo, põe-nos diante do nada, supressão da lembrança e da história individual, soberania do vazio completo, da ausência plena do sentido. A consciência do nada, evocada pela experiência da morte alheia, gera angústia.
Como observa Norbet Elias, em A solidão dos moribundos (2001: 21), a morte, na Idade Média, era tratada de modo mais aberto do que o é atualmente. Assim, nos ensinará o autor:
“Em comparação com o presente, a morte naquela época era, para jovens e velhos, menos oculta, mais presente, mais familiar. Isso não quer dizer que fosse mais pacífica”.
(ib.id.)
Em tempos remotos, segundo o autor, a morte era um acontecimento mais público, visto que, com exceção de freiras e monges, dificilmente as pessoas viviam sozinhas. Atualmente, a morte é afastada da consciência das crianças. Afirma o autor:
“Uma vaga sensação de que as crianças podem ser prejudicadas leva a ocultar delas os simples fatos da vida que terão quer vir a conhecer e compreender”.
(p. 26)
O encobrimento ou recalcamento da morte se dá, por exemplo, na esperança cultivada numa vida além-túmulo. Segundo o autor, “o medo de nossa própria transitoriedade é amenizado com ajuda de uma fantasia coletiva de vida eterna em outro lugar” (p. 44). Há uma evidente resistência à desmitologização da morte em nossa modernidade.
A ideia de Deus serve aos homens como um subterfúgio ao sentimento aterrador experienciado quando da consciência da morte como possibilidade do nada. Entre o homem vivo e a esperança em Deus, medeia a morte como fato inegável e irredutível. Eis aí o abismo que nasce em nossa existência. O autor observa, ainda, que a sexualidade é menos reprimida atualmente do que a morte. Acrescenta ainda não ter havido significativa diminuição da tendência a afastar das experiências de vida a morte, desde o século XIX.
Evidentemente, a morte, como experiência cultural, será encarada de modo diferente, de acordo com as culturas. Culturas há em que o acontecimento da morte é festejado, caso em que o sofrimento, a tristeza e o choro dão lugar a alegria, festejo e cantoria. Em certos lugares do nordeste do Brasil, é comum servir comida no velório.
O temor e o terror que experimentamos diante da factualidade da morte são produzidos pelo imaginário que cerca a morte. Eles decorrem da imagem que antecipamos da morte. A resistência à aceitação dela, de um ponto de vista sociológico, é reforçada pela tendência atual ao socorro de medicamentos e técnicas que possibilitem a “juventude eterna”. O retardamento do envelhecimento se acompanha da alegria decorrente da ideia de que retardamos, assim, a morte. Tal retardamento alcança o status de uma neurose coletiva pela juventude cada vez mais prolongada.
Ao se referir aos avanços da medicina no sentido de nos familiarizar com a ideia de que morrer é um fato natural e biológico, Elias observa:
“As pessoas bem sabem que a morte chegará, mas saber que ela é o fim de um processo natural ajuda a aliviar a angústia”.
(p. 56)
Terei de discordar do autor, nesse tocante. Não creio em que saber que a morte é um fim de um processo natural amenize a angústia, porquanto a morte, para a maioria das pessoas, representa a ruptura de laços afetivos, quase sempre, muito entranhados, os quais serão substituídos pela saudade, que, ao invés de consolar, nos abandona ao sentimento de vazio. A morte de uma pessoa que amamos lega-nos uma saudade pesada, que se hospeda durante muito tempo em nossa alma, reaviando-nos o vazio da dor, da ausência de um complexo de experiências de vida – portanto, de um complexo histórico compartilhado, encarnado.


A morte como desligamento


O nascimento de um ser humano representa uma abertura consciente para o mundo, cujo valor reside, fundamentalmente, em possibilitar a experiência da consciência. Lembro que consciência é consciência de alguma coisa. O homem é um ser mundano que se distingue das outras formas de vida pela especificidade de suas experiências conscientes.
Para Sartre, a mente só existe na medida em que alcança o seu objetivo. As pessoas estão conscientes do mundo em si. A existência da mente só é possível pela existência de um mundo material circundante. Sartre concebe a consciência como um nada em si e, como tal, precisa ser consciência de um mundo, pois só assim alcança a dimensão do ser. Vejamos como Sartre concebe o movimento e a relação deste com a consciência:
“É simultaneidade estar em um lugar e não estar lá. Em momento algum podemos dizer que o ser da passagem está aqui, sem correr o risco de pararmos bruscamente lá, e nem podermos dizer que não está, ou que lá não é lá, ou que está em outro lugar. Sua relação com o lugar não é uma relação de ocupação”.
Segundo a perspectiva sartreniana, o movimento é realidade para a consciência. O não-estar onde estava e o não-estar onde estará levam-nos a conclusão de que o objeto em movimento é exterior ao si. Essa perpétua transitoriedade de não-ser constituem negações atribuídas pela consciência. Assim, para Sartre, só existe movimento para a consciência. Deixemos as implicações e os problemas que podem suscitar essa compreensão sartreniana e consideremos a contribuição de Hurssel, de modo sucinto, ao tratar da consciência.
Como fenomenólogo, Hurssel entende que a consciência só existe pela intencionalidade, ou seja, só existe na medida em que se abre para o mundo, cessando a interioridade vedada. Somente a consciência do mundo é que torna possível a consciência de si (a autoconsciência). Assim é que precisamos estar no mundo para termos consciência de nós mesmos. Por consciência, Hurssel entende o conjunto de atos perceptivos que visam (tem por objetivo) e tocam objetos do mundo. Estou consciente quando vejo, ouço, toco, sinto, etc. O alargamento que confere ao conceito de consciência representa a negação do conceito de cogito (eu penso) de Descartes. Em Hurssel, a consciência se estabelece sobre o noema (unidade de sentido para a consciência). É consequência de nossa própria condição de seres de consciência a necessidade de fundar nossa existência sobre o sentido. Buscamos o sentido como único meio de nos ligarmos ao mundo. No que toca ao conceito de noema, esclarece-nos Hurssel: “ao contrário da árvore, o noema da árvore não queima”. O noema é, portanto, o conhecimento da árvore. Dirá Depraz, em seu livro Compreender Hurssel (2008):
“[o noema] participa da dinâmica consciencial a título de núcleo objetivo de sentido”.
(p. 35)
Sabe-se também que nós somos seres de consciência reflexiva. No ato de reflexão, em lugar de nos projetarmos adiante em direção ao mundo, nos voltamos para nós mesmos. Esse retorno sobre nós mesmos permite-nos interrogar a vivência/ experiência imanente do objeto.
Do exposto até aqui, não é difícil concluir que o morto, enquanto tal, não tem mais consciência de mundo; de certo modo, o estado de inanimação do defunto representa o aniquilamento de sua humanidade na dimensão consciente. O corpo inconsciente é tão-só matéria destinada à putrefação, que resultará nos restos mortais. Aqui, o poema O deus-verme, de Augusto dos Anjos, parece pertinente. Refiro apenas a primeira e última estrofes:
Fator universal do transformismo,
Filho da teleológica matéria,
Na superabundância ou na miséria,
Verme – é o seu nome obscuro de batismo.
(...)
Ah! Para ele é que a carne podre fica,
E no inventário da matéria rica,
Cabe aos seus filhos a maior porção!
O desligamento do mundo deve ser entendido como ruptura em termos de possibilidades de continuar tendo experiências psicossociais, mormente na dimensão libidinoso-afetiva. No tocante ao emprego da expressão “os mortos”, Elias nos dá a saber a relação entre a morte e a memória dos vivos:
“(...) as pessoas mortas em certo sentido ainda existem não só na memória dos vivos, mas independentemente deles. Os mortos, porém, não existem. Ou só existem na memória dos vivos, presentes ou futuros”.
(pp. 40-41)
Para os moribundos, a iminência da morte representa a perda de coisas que, para eles, podem ser significativas. A questão que a inevitabilidade da morte nos propõe é: a que devemos atribuir valor significativo na vida?


Caixão não tem gaveta, mas morrer custa caro


Em O que é morte (1999), Maranhão nos mostra que ainda existe uma estratificação nas práticas funerárias, a qual não é senão reflexo de uma sociedade dividida em classes. Cito, na íntegra, o trecho em que o autor nos fala dessa desigualdade que, existindo entre os vivos, refletem entre os mortos:
“Para evidenciar a verdade dessa afirmação basta que façamos uma visita a um cemitério tradicional. Lá encontraremos, como que reproduzido detalhes, a sociedade dos vivos: avenidas, ruas, praças e jardins por onde os transeuntes podem circular orientados por placas indicativas; o habitat individual e o coletivo, a administração local e a capela. E assim como nas grandes metrópoles iremos nos deparar, nas grande necrópoles, com arranha-céus e, ultimamente, com fornos crematórios tão sofisticados como as modernas usinas – pois tanto quanto o solo urbano, o solo cemiterial é bastante dispendioso e igualmente sujeito a especulações, o que não permitem desperdícios de espaço”.
(p. 36)
Os cemitério aos quais se destinam os corpos dos mortos dos pobres são mais rústicos, com sepulturas pobres e mal-acabadas. Conclui o autor:
“Em um mundo em que o econômico é o Rei, quem não tem haver não tem ser, quem continua tendo continua sendo: esta é a lei fundamental do nosso cemitério, que inventa concessões ‘perpétuas’ de sessenta ou de cem anos, para nutrir a esperança e a ilusão de que o ter continuará a ser”.
(p. 38)
Numa sociedade dividida em classes, como a sociedade brasileira, os indivíduos se relacionam em condições de desigualdades, marcadas por hierarquias sustentadas pelo poder e pelos privilégios econômicos, culturais e políticos. A divisão social do trabalho, característica das sociedades capitalistas, se reflete também nas circunstâncias de enterro dos mortos. O cemitério reflete um ambiente de estratificação social que constitui a realidade da vida social. É verdade que o fim – a morte – é comum aos ricos e aos pobres, ou seja, a morte não distingue os homens em termos de classe sócioeconômica, cultura, etnia, gênero, poder, mas, assim como os indivíduos se distinguem no tocante à sua residência, mais ou menos luxuosa, mais ou menos rústica, assim também são discriminados em termos de sua moradia definitiva. Direi mais: assim como os indivíduos se distinguem em termos do lugar social que ocupam, assim também se diferencial em termos de “lugar mortal” que virão a ocupar. Concluímos, com pesar, que, nas sociedades capitalistas dos países subdesenvolvidos, todos morremos, mas não todos vamos para o mesmo buraco. O buraco de uns é bem mais ornamentado!


O que concluir


Não pretendi nutrir no seu espírito, leitor, maior angústia ou desalento. Num primeiro momento, ficamos meio resistentes a refletir sobre a morte. No entanto, longe de nos afligir, a reflexão sobre a morte, sobre como experienciamos esse acontecimento singular e a compreendemos, pode nos levar a uma compreensão menos unilateral da vida e mais integrante e profunda. Saber que a cada novo dia nos aproximamos da morte, que o céu de cada manhã, ensolarado ou nublado, chuvoso ou não, nos torna mais próxima a morte, permite-nos a possibilidade de repensar nossas prioridades, de nos aperceber de quão inútil é a nossa azáfama, as nossas ambições materiais, a nossa necessidade de poder, de riqueza, nosso egoísmo, nossa altivez, indiferença e sentimento de auto-suficiência; leva-nos a avaliar até que ponto valorizamos as relações afetivas, com os nossos familiares e com a pessoa que escolhemos para com ela dividir nossas experiências de vida. É nesse instante, em que somos inundado de uma percepção penetrante do valor da vida, que nos ilumina a consciência a importância do Amor. Essa palavrinha com quatro letras e quatro fonemas, pronunciada, muita vez, a esmo por muitos de nós, sem que tenhamos, claramente, a dimensão significativa de sua essência: que me parece ser o cuidar.
É este Amor que desejaremos em nosso leito de morte. Assim como nossos bens materiais, nossa formação acadêmica e toda sorte de conhecimentos acumulados ao longo de nossas experiências de mundo não terão valor algum, à iminência de nosso suspiro derradeiro, assim também de nada valerão as nossas conquistas, os nossos amores de bolso; porque, a essa altura, nossos bolsos já estarão rasgados, e os amores que eles acumularam, terão se esvaído. Apenas o Amor singular eleito de nosso coração, estará à cabeceira de nossa cama, segurando a nossa mão e nos confortando, ou junto ao nosso caixão, chorando por nós.
É esse Amor que desejo: um Amor que, em face da inexorabilidade da morte, nos faça conscientes de que valeu a pena viver.

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