sexta-feira, 29 de outubro de 2010

poema



Virgem Remota

A artéria distante, lá fora
Sorria, Safira errante!
Amorfa, ausente no tempo!
Formosa, presente na mente!

Lá fora, ao longe, harmoniosos,
Deitados cachos de mel sobre a face,
Esvoejam, ondulosos, contemplo...
As mãos fantasistas, não as afaste!

Os halos com que vês eu conservo
Na memória submersa na libido e no pecado
Ah! Desejo-te, mulher de Nero – e não nego
Ateando o fogo do amor, outrora mitigado

Lá fora, distas dos desvarios da pena
Do poeta que pena, e meneia a esperar
Sem teu tergo sequer fitar, e anseia
- Ó Silêncio no ventre da Treva!
Por te ver sorridente a me acenar

Eu só, o tempo e o leito e tanto a esquecer...
Esqueço, decerto, e tão-logo teimo
Em no caos encefálico fazer-te aparecer

Eu só... E o tempo que, em galopadas,
Arrasta-me aos vales sombrios da mente,
Ó Vazio Encarnado! – e, de repente, eu...
Eu, consciente, quedo, vejo esfumar-se
Erma de meus anseios, a única imagem,
- Ó sutil liame entre mim e a sanidade!
Singular, entranhado registro teu.
(BAR)

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