
Filosofia e
Linguagem
Ponto de encontro
Silva (2011), em O Ato de ler – fundamentos psicológicos para uma nova Pedagogia da Leitura, sustenta que ler é compreender (em primeiro lugar, compreender o mundo), ou seja, a compreensão inclui a interpretação. Em outras palavras, para Silva, na compreensão, está implícita a interpretação. A interpretação é constitutiva da compreensão. A compreensão desvela o que estava oculto; a interpretação supõe a presença diante de nós de algo cuja natureza ou estrutura deve ser compreendida. Refiro as palavras oportunas de Silva sobre como devemos entender o significado:
“(...) aquilo que é compreendido não é o significado, tomado no seu sentido bem estrito (significado de livro, ou de qualquer outro objeto). Significado é aquilo que se mantém oculto e que se desvela apenas pela inteligibilidade. (...) o significado não está nas coisas e nos objetos, nem nas palavras e nas proposições, mas constitui uma possibilidade de desvelamento, de atribuição, que é característico do Ser-do-Homem. O significado é a possibilidade que algo possui de tornar-se visível como algo que é.
(p. 34)
De um ponto de vista filosófico, o significado não é nem um ente
do mundo, nem um atributo das coisas. As coisas - e o próprio mundo que as
totaliza - não têm significado em si (certamente, nossas experiências se
organizam numa estrutura dotada de significado, mas isso não é o mesmo que
dizer que as coisas comportem significado em si mesmas). Por seu caráter
oculto, o significado supõe um esforço de desvelamento. Por seu caráter
não-objetivo, o significado é "possibilidade de desvelamento", por
isso emerge de um espaço interacional, de um espaço em que o homem interage
(por meio de sua cognição essencialmente corporificada e em conjunto com os
outros) com o mundo. Esse espaço interacional, no qual a própria cognição é
produto de nossas ações e capacidades sensório-motoras, é um espaço de
possibilidades de significação. Daí não ser exagero dizer que o mundo é, para o
homem - e apenas para ele - uma gigantesca teia de significação. Isso explica
por que uma questão metafísica como "Qual é o sentido da existência?"
dá margem a uma inesgotável, inquietante e calorosa discussão.
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