quinta-feira, 28 de março de 2013

"Poesias são borboletas da alma; tesouros da ausência; relicários da loucura." (BAR)





Canto amargo


Eu quero o canto doce e amargo
De um amor humano que nada espera
Nem lindo verão nem linda primavera
P’ra este instante é que eu o aguardo

Se por ventura a alma me inunde docemente
Com promessas sonoras de eternidade
Terei apenas a certeza de que mente
Como os amantes que só dizem a verdade

Se relutante inda em minh’alma permanecer
Silenciarei meu coração por toda a vida
Nem mais um verso haverei de escrever

E tendo então a alma um canto de despedida
Quando chegar-me a hora de morrer
Direi do amor só conheci a dor maldita

(BAR)





Confissão

Se me amas como dizes realmente
Confessa-mo no silêncio de teu coração
P’ra que só eu saiba desta confissão
E possa então dormir alegremente

(BAR)





Contradição

Se me amas com a mesma veemência
Com que me declaras tua dor
Então me dizes por que tão funda carência
Se a ti dedico todo o meu amor?

(BAR)

Um comentário:

  1. “Amar Desesperadamente” – Reflexões sobre a filosofia de André Comte-Sponville
    Reflexões sobre a obra "O GOSTO DE VIVER"
    de André Comte-Sponville (1952 - )
    (Éditions Albin Michel, 2010)
    "Opondo-se a esta visão de mundo, reivindicando um desejo que seja potência ao invés de falta, um amor que ame fora-de-si ao invés de só saber se inebriar com as produções fantasmáticas do eu, existe toda uma antiga e venerável escola filosófica que engloba Epicuro, Lucrécio, Spinoza, Nietzsche, Deleuze, e na qual André Comte-Sponville também pode ser seguramente incluído."
    (“Faire l’amour, quando on s’aime, ce n’est pas desirer l’orgasme ni je ne sais quelle fusion impossible, qui nous manquerait. C’est désirer celui ou celle qui ne manque pas, qui est là, qui se donne, qui s’abandonne, et c’est pourquoi c’est si bon, si doux, si fort! Ce n’est plus le vide dévorant de l’autre; c’est la plenitude comblante et comblée de son existence, de sa présence, de sa jouissance, de son amour... Que désire-t-on? Que l’autre soit, et qu’il soit là, et qu’il se donne ou nous prenne... C’est exactement ce qui se passe: comment ne serait-on comblé? Après de coït, quoi? La gratitude, la douceur, l ajoie d’aimer et d’être aimé.” (pg. 195)
    Aimer désespérément

    ResponderExcluir